Touros de rodeio do Brasil são vendidos por R$ 1 milhão
O touro Olho Mágico, de 5 anos, considerado um dos melhores animais de rodeio da atualidade, foi vendido nesta semana por R$ 600 mil. O comprador, o empresário paranaense Tércio Miranda, levou ainda mais dois touros da Cia. Bananinha, totalizando um investimento de R$ 1 milhão. Briga de Galo, que já pertenceu à boiada de Tércio e tem uma longa série invicta, saiu por R$ 300 mil; e Caiçara, por R$ 100 mil. O negócio é visto como o maior do mercado de touros de pulo no país.
Os três touros são a aposta do empresário em sua volta ao mundo dos rodeios pela terceira vez, agora com o plano estratégico de investir na criação de touros de pulo. Está nos planos, inclusive, a importação de sêmen de animais que competem nos rodeios americanos para “dar um salto grande” em relação aos outros empresários do setor no Brasil.
“Lá nos Estados Unidos, a genética dos touros está bem avançada. No processo de melhoramento, os criadores tiraram a estatura e peso dos animais para que ganhassem mais agilidade nas arenas e foi um sucesso. No Brasil, o investimento em genética de touros está apenas começando e eu planejo fazer parte desse desenvolvimento”, diz ele.
O empresário é filho de um dos pioneiros do plantio direto no Brasil, o agricultor Lucio Miranda, que morreu em 2020, aos 86 anos. No Paraná, Tercio tem sua atividade principal como produtor de grãos: planta soja, milho, trigo, aveia e feijão. Como qualquer produtor, ele reclama dos altos custos de produção atuais, mas diz que o preço das commodities está compensando, por enquanto.
Na fazenda, em Votuporanga (SP), cria os touros de rodeio, seu hobby desde que começou a montar em rodeios universitários em 1993. “Meu pai achou que estava ficando muito perigoso e me deu minha primeira boiada para eu mudar de lado.” Tércio mantém atualmente duas boiadas, mas diz que vai juntar os animais e leiloar os touros que não se encaixam em seu projeto de ter uma boiada de elite.
Ele estima um custo mensal de R$ 1.500 a R$ 1.800 com cada touro de rodeio, incluindo alimentação balanceada, vitaminas e cuidado veterinário intensivo. “Na fazenda, ainda é preciso evitar que eles machuquem um ao outro, porque é comum brigarem. Alguns animais têm que ser mantidos isolados. A gente acaba sendo uma espécie de psicólogo de touro para saber quem está melhor para montar no dia, quem é mais agressivo, quem precisa de cuidados especiais”, explica.
Tércio deixou pela primeira vez o “circo” em 2012, quando leiloou toda sua boiada, incluindo o lendário touro Bandido, que foi vendido para o empresário Paulo Emílio. Voltou em 2016 e fez novo leilão de todo o plantel em 2019, pensando em retornar aos rodeios em 2020, intenção frustrada pela pandemia.
Até domingo (5 de junho), ele está com 20 touros competindo na terceira etapa da PBR Brazil em Divinópolis, mas vai ver os animais que acabou de comprar competindo ainda uma última vez pela Cia. Bananinha.
Globo Rural – Eliane Silva