Se fosse o contrário eu estaria preso’, diz motorista assediado por passageira embriagada
Após denunciar importunação sexual de uma passageira visivelmente embriagada, motorista de aplicativo agora enfrenta o tribunal da internet. “Estou recebendo diversas críticas e piadas, mas se fosse o contrário, sei que eu já estaria preso e com todo mundo me condenando”, comenta o trabalhador de 37 anos.
Nas redes sociais, o assunto dividiu opiniões e motivou diversos comentários criminosos, carregados de machismo e homofobia. Nos relatos, inapropriados até para serem citados na reportagem, internautas associam a recusa às investidas da mulher embriagada à sexualidade e até a falta de coragem do motorista.
“Isso é um termômetro para a gente ver como a população é hipócrita. Vivem criticando casos de assédio, mas me criticam só porque sou homem. É preciso saber que a lei é para todos e assim como eu tenho mãe e irmã, não desejo para outras mulheres o que não quero para elas”, comenta.
Apesar de muitas considerações criminosas, muitos internautas também saíram na defesa do rapaz. “Se fosse uma motorista e um homem fazendo o mesmo, o patrulhamento da justiça da internet estaria em alvoroço pedindo a prisão da pessoa”, comentou uma. “E se fosse ao contrário? Ele já estaria preso. Respeito cabe em qualquer lugar”, disse outra.
Assédio e filho no carro
Segundo o trabalhador, a corrida aconteceu na noite de domingo (19). Logo após embarcar a passageira em um bar na região do Centro, o motorista conta que passou a ser incomodado pela mulher.
“Ela estava muito embriagada, falava coisas sem nexo, me puxava pelo braço, passava a mão, dava respirações ofegantes perto de mim e eu sempre mantendo o profissionalismo e chamando ela de senhora. Fui muito cauteloso”, esclarece.
Após os primeiros minutos da corrida, o trabalhador conta que fez uma parada em um condomínio na Avenida Ceará. Lá, uma criança que seria filho da suspeita embarcou, mesmo assim, a mulher continuou a assediá-lo na frente do menino.
“Até o filho dizia para ela parar, mas ela falava do marido que tinha morrido, dizia palavrões. Foi algo bem constrangedor”, relembra.
Segundo o motorista, que trabalha há cerca de 1 ano com plataformas de aplicativo, essa foi a primeira vez em que viveu algo parecido durante.
Boletim de ocorrência foi registrado e agora ele aguarda a Uber encaminhar as gravações captadas pelo aplicativo. “Quero levar na delegacia para comprovar tudo o que eu disse”, finaliza o rapaz.
O caso
Nesta segunda-feira (20), motorista de aplicativo denunciou uma passageira por importunação sexual em Campo Grande. O caso teria ocorrido durante uma corrida na noite de domingo (19) e trechos foram filmados pela plataforma do aplicativo.
Conforme relato do motorista, ele aceitou a corrida da suspeita e a buscou no Centro da cidade. Então, a mulher teria começado a “acariciar” o pescoço da vítima, dizendo que “estava gostando da corrida”.
Depois, ainda puxou o motorista pela camiseta e disse que o marido tinha morrido recentemente, que ela estava carente. Ao fim da corrida, ela não queria descer do carro.
Constrangido, o motorista acionou o recurso do aplicativo para filmar o veículo. As imagens são disponibilizadas apenas para a polícia, quando solicitado.O caso foi registrado como importunação sexual na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro.
Midiamax