Com 31% de isolamento, infectologista diz que só lockdown pode salvar MS do colapso

O decreto estadual com restrições no comércio aos finais de semana e toque de recolher mais rígido entrou em vigor no domingo (14), mas a taxa de isolamento da população continua baixa em Mato Grosso do Sul. O Estado tem a segunda pior taxa de isolamento do Brasil e, se o decreto não surtir efeito, somente um lockdown pode salvar MS do colapso na saúde pública. 

Nesta quarta-feira (17), Mato Grosso do Sul bateu dois recordes na pandemia. Com 42 óbitos em 24 horas, o Estado chegou ao pico de mortes por coronavírus. Além disso, MS atingiu o recorde de internações, com 921 pacientes ocupando leitos clínicos e de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O colapso na saúde já é uma realidade no Estado, mas a taxa de isolamento ainda é baixa. Conforme dados da plataforma In Loco, MS teve somente 31,05% da população em casa na terça-feira (16). É a segunda pior taxa de isolamento do país, ficando atrás somente do estado de Santa Catarina. 

O infectologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Julio Croda explica que a taxa de isolamento precisa ser de pelo menos 60% das pessoas em casa para ajudar na redução de mortes e internações no Estado. 

Nos primeiros dias do decreto, MS ainda não atingiu uma taxa de isolamento satisfatória. Em Campo Grande, menos de um terço da população ficou em casa. O pesquisador Julio Croda explica que as restrições e o toque de recolher às 20 horas do decreto estadual trarão um impacto positivo nos números da pandemia, mas ainda não é o suficiente. Croda defende um lockdown para que as pessoas fiquem em casa e ajudem o Estado, que vive um colapso na saúde.

Maior colapso da história

“Trata-se do maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil”. É assim que a Fiocruz classifica a situação atual do país, que está à beira de um colapso na saúde por falta de leitos UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Em Mato Grosso do Sul, 96,2% dos leitos críticos para covid estão ocupados. 

Os pesquisadores da Fiocruz recomendam medidas mais rigorosas como o lockdown. “Não temos outro remédio para adotar nesse momento a não ser medidas de bloqueio e supressão onde a taxa está acima dos 80%. Araraquara é um exemplo, mas esperou chegar aos 100%, com fila de espera, o que pode resultar em um maior número de pessoas mortas. Campanhas precisam preparar a população que isso vai ser necessário de tempos em tempos”, diz Carlos Machado, da Fiocruz.

Crescimento desenfreado da pandemia

Desde a última semana de fevereiro, os casos de coronavírus têm avançado em Mato Grosso do Sul e em Campo Grande. A média móvel de casos, de mortes e de internações cresce a cada dia e a Capital vive um colapso na saúde iminente. Um estudo feito por pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) mostra que a Capital vive um crescimento exponencial e, na prática, a pandemia não teria hora para acabar.

O professor Erlandson Saraiva ressalta que a característica do modelo exponencial é de um crescimento indefinido, sem pico. A expectativa é que com o decreto, os casos comecem a diminuir e a pandemia mude para o modelo Gompertz, que apresenta pico.

“No momento, não tem nenhum indicativo da mudança desse modelo, ou seja, neste momento estamos com um crescimento exponencial mesmo, é pior tipo de crescimento que podemos ter”, frisa o pesquisador.

Fonte: midiamax.com

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