Com 11 mil grávidas e lactantes vacinadas em MS, bebês podem ‘herdar’ anticorpos, diz médica

Com a vacinação avançando cada vez mais em Mato Grosso do Sul, o alcance de imunização já chegou a mais de 1,8 milhão de moradores que receberam pelo menos a primeira dose. No estado, 11.799 grávidas e lactantes já se vacinaram e, conforme médica pediatra da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a aparição de bebês com anticorpos da Covid-19 poderá ser frequente.

Em MS, ainda não há registros de casos de bebês que adquiriram a imunidade contra a doença, mas isso seria apenas questão de tempo. De acordo com Alana Benevides Kohn, pediatra do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), a ciência já está de olho nos casos de bebês que nasceram com anticorpos ou adquiriram imunidade contra o vírus através da amamentação.

No país, já foram registrados casos de crianças que nasceram com anticorpos em Pernambuco, Roraima e Santa Catarina. Recentemente, também em Santa Catarina, um menino, de 2 anos, adquiriu anticorpos da doença através da amamentação da mãe, que foi imunizada com duas doses da AstraZeneca.

A médica explica que os estudiosos seguem atentos a esses registros e que as aparições dos casos são promissoras para o futuro. “Não sabemos ainda se vai ter mais efetividade de anticorpos, o que sabemos é que têm ensaios clínicos que descobriram que o igA (tipo de anticorpo) passa pela amamentação”, disse a pediatra ao Jornal Midiamax.

Benevides aponta que, ao longo dos anos e de diversos estudos, outros imunizantes já se mostraram efetivos na proteção aos bebês através do leite materno, como a vacina contra a Influenza. A pesquisa apontou que os anticorpos da Influenza permaneciam no leite humano por seis meses.

A expectativa agora é aguardar os levantamentos sobre a proteção passada pelas lactantes aos bebês. “Ainda não sabemos o quanto isso é efetivo, mas é algo realmente promissor para as crianças. Se somente o leite materno já auxilia na vida da criança, dando imunidade, diminuindo a taxa de infecção, quando esses anticorpos forem transferidos, vai ser um reforço. Estamos animados com esses estudos iniciais”, comentou a pediatra do IFF/Fiocruz.

Anticorpos pelo leite materno

No caso ocorrido em Santa Catarina, exames confirmaram a presença de anticorpos do coronavírus no organismo do menino de 2 anos.

Segundo o secretário de Saúde de Tubarão (SC), onde o caso foi registrado, Daisson José Trevisol, a secretaria acompanha o caso, mas afirma que a única possibilidade é dos anticorpos terem sido passados pelo leite materno. “Foi confirmado. Houve a transferência de anticorpos da mãe para o filho pela amamentação, não tem outra possibilidade”, disse.

Uma revisão feita por pesquisadoras do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), publicada no Physiological Reports, mostrou que, apesar de ainda não ter uma comprovação de que o leite materno possa passar anticorpos contra a covid-19, a amamentação pode ajudar a prevenir o vírus em bebês.

A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) divulgou um estudo publicado na revista científica americana The Journal of the American Medical Association (JAMA), onde a pesquisa acompanhou um grupo de 84 mulheres de Israel que foram vacinadas com a Pfizer/BioNTech. Após a aplicação da vacina, as mães apresentaram altos níveis de anticorpos IgA e IgG contra o novo coronavírus no leite materno.

AstraZeneca suspensa para grávidas e lactantes

Apesar do caso de anticorpos passados ao bebê pela mãe ter sido graças às doses da AstraZeneca, o imunizante deixou de ser aplicado em gestantes de forma preventiva desde 11 de maio pelo Ministério da Saúde após recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em MS, 3.637 gestantes e puérperas tomaram a primeira dose da vacina e aguardam definição para tomar a segunda dose. A recomendação é que este público tome dose de reforço da CoronaVac ou Pfizer.

Conforme a SES-MS (Secretaria Estadual de Saúde), o Ministério da Saúde é quem deve definir qual fabricante de vacina será destinado às grávidas como segunda dose.

No Rio de Janeiro, a decisão para dar prosseguimento na imunização de gestantes e mulheres que tiveram bebês há até 45 dias partiu do governo estadual. Aquelas que tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca antes da suspensão pelo Ministério da Saúde, poderão completar o esquema vacinal com a segunda dose da Pfizer. Segundo o secretário de saúde do estado, Alexandre Chieppe, a decisão foi tomada pela equipe técnica da secretaria em acordo com os municípios.

Midiamax

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