O prefeito de São Simão, Assis Peixoto (PSDB), foi preso na tarde desta quarta-feira (28) por suspeita de envolvimento em crime contra a dignidade sexual de menor, conforme informou o Ministério Público de Goiás (MP-GO). Três mandados de busca e apreensão também foram cumpridos na cidade com o apoio da Polícia Civil.
Em nota, a assessoria de imprensa da prefeitura disse que as acusações são “infundadas” e que serão esclarecidas ao longo das investigações. A reportagem também solicitou uma posição ao partido e aguarda um retorno.
O promotor de Justiça Fabrício Lamas, responsável pelo caso, informou que o prefeito foi detido em cumprimento de um mandado de prisão preventiva, em Goiânia. Segundo ele, o processo e as investigações correm em segredo de Justiça “para proteção da vítima” e que, por isso, não pode passar detalhes do caso. Sobre os mandados de buscas cumpridos na cidade, que fica no sudoeste de Goiás, o MP não divulgou os endereços e se houve apreensões. Segundo eles, seis vítimas denunciaram o prefeito ao órgão.
Assis Peixoto, de 58 anos, foi eleito com 40,65% dos votos, sendo 4.277 votos no total. Ele declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a ocupação de técnico contabilidade, estatística, economia doméstica e administração e que tem ensino médio completo. O patrimônio declarado é de R$ 1,4 milhão.
A mãe de um adolescente de 15 anos, que preferiu não se identificar, contou que o prefeito de São Simão, Francisco de Assis Peixoto, fez várias videochamadas com o filho e, em uma delas, mostrou as partes íntimas.
“Ele fez outra videochamada, aí mostrando as partes íntimas dele. Teve outra videochamada, só que meu filho foi tão inteligente que ele gravou a chamada. Falei: ‘meu filho, isso é caso de polícia, não está certo’”, contou a mãe.
Em um print da chamada é possível ver o rosto do prefeito. Após fazer a gravação, a mulher procurou o Conselho Municipal de Segurança Pública para pedir ajuda. A presidente do conselho, Vanessa Lima Araújo, entregou o celular do adolescente para o promotor de justiça investigar o caso.
A mãe contou que o prefeito se aproximou do filho por meio de mensagens de celular. “Meu filho recebeu uma mensagem escrita: ‘bem vindo’. Ele perguntou quem era. Aí ele se identificou e falou: ‘é o Assis’. Meu filho perguntou se era o prefeito. Ele respondeu que sim”, explicou.
A data de início da investigação não foi informada porque o processo corre em segredo de justiça, mas a presidente do conselho diz que recebeu seis denúncias de abuso sexual envolvendo o nome do prefeito nos últimas seis dias. São casos recentes e antigos, segundo a presidente.
“Aqui, eu falo que deu o efeito João de Deus. Uma pessoa teve coragem de se expor primeiro. Tenho recebido várias denúncias. As pessoas têm me procurado e tem procurado diretamente o MP também”, contou Vanessa Araújo.
Veja os crimes em que Assis Peixoto é investigado:
Artigo 241A do Estatuto da Criança e do Adolescente: Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. A pena é de prisão de quatro a oito anos, e multa;
Artigo 215A da Lei: 2848: Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro, com pena de reclusão de um a cinco anos de prisão.
Por Guilherme Rodrigues, Rafael Oliveira e Eduardo Marins, G1-GO e TV Anhanguera