Seis em cada dez mortes por Covid nos presídios são de servidores

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dados da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) indicam que a Covid-19 matou mais agentes de segurança que trabalham nos presídios do que os detentos que estão encarcerados. Das 197 mortes no sistema prisional paulista, 119 foram de agentes de segurança (60,4%) e outras 78, de presos.

Apesar de representar seis em cada dez mortes por Covid no sistema prisional, os servidores respondem por pouco mais de dois em cada dez casos positivos da doença, ainda segundo dados da pasta.

Segundo a contabilidade da SAP, foram confirmados um total de 19.317 casos positivos de Covid-19, sendo 14.917 (77,29%) entre detentos, e o restante, 4.400 (22.79%), servidores.

Apesar do número absoluto ser maior, proporcionalmente, a taxa de contágio entre os detentos é menor, já que a população carcerária paulista é formada por 207.307 pessoas. Ou seja, os 14.917 casos confirmados ente os presos representam uma taxa de contágio de 7,3%. Já entre os servidores, que formam um contingente de 33.606 agentes, a taxa de contágio é quase o dobro, de 13%.

Os dados foram divulgados pela SAP na última quinta-feira (5) e trazem a soma até a útima quarta (4).Essa situação ocorre desde o primeiro boletim divulgado pela pasta, em julho do ano passado, quando haviam sido confirmados 981 casos e 24 mortes, entre funcionários da secretaria, e 2.809 testagens positivas e 19 óbitos entre presos, decorrentes do coronavírus.

“Diferente dos presos, os funcionários não permanecem isolados dentro de uma unidade prisional. Eles entram em contato com o ambiente externo. A Secretaria da Administração Penitenciária não pode controlar os cuidados e prevenções que seus agentes tomam fora do âmbito profissional”, afirma trecho de nota da SAP.

A pasta acrescentou que todos seus funcionários, dos 178 presídios, já foram vacinados contra o coronavírus. Também foram imunizados 69.116 detentos, representando 33,3% da atual população carcerário de São Paulo.

Vacinado Este é o caso do filho de 19 anos de uma auxiliar de cabeleireiro de 36 anos. Ambos foram vacinados com a primeira dose da Coronavac, coincidentemente, em 19 de julho.

“Como meu filho estava se recuperando de uma cirurgia, priorizaram a vacina dele, para não correr risco de pegar o coronavírus”, explicou a parente do detento, que cumpre pena por roubo no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Osasco (Grande SP). Nesta sexta-feira (6), ele completa um ano no cárcere.

Mais aliviada pelo fato de o filho estar imunizado, ao menos com a primeira dose da vacina, a auxiliar afirmou ter sofrido, além disso, com a falta de visitas ao parente. “Só consegui ver meu filho, pessoalmente, em 17 de julho [sábado]. Antes disso, só dava para conversar por vídeo ou por escrito.”

As visitas a presos foram retomadas em 10 de julho deste ano e estavam suspensas desde março.

Regras mais rígidas para visitação Mesmo com a liberação, devido à pandemia, a SAP adotou regras rígidas para que parentes possam visitar seus familiares presos.

Somente uma pessoa por detento pode ir ao presídio, desde que seja maior de 18 anos ou, caso a idade ultrasse os 60 anos, com comprovante de vacinação completa — com período mínimo de 20 dias após a dose de reforço, ou da dose única.

O tempo para ficar com o parente preso é de duas horas, escalonadas das 9h às 11h e das 13h às 15h, aos sábados e domingos.

É obrigatório o uso de máscaras e os parentes não podem ter nenhum contato físico com o familiar preso, além de usar álcool em gel.

“Caso algum parente descumprir as regras [de distanciamento] ele pode ‘levar gancho’ [ficar proibido de fazer visitas] de dois até seis meses”, explicou a mãe do homem preso em Osasco.

Apesar de liberada, a visitação pode ser suspensa, caso ocorra aumento de casos da Covid-19, esclareceu a SAP.

 

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