Reinaldo vira minoria entre governadores e se isola no PSDB ao não assinar resposta a Bolsonaro
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) se juntou à minoria de oito governadores e não assinou a carta em resposta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, no fim de semana, se referiu a repasses constitucionais aos estados como se fossem concessão ou favor do governo federal. Além disso, o tucano foi o único de seu partido a negar apoio à manifestação.
Ao não assinar a carta, Reinaldo se juntou a governadores declaradamente bolsonaristas, casos de Carlos Moisés (PSL-SC), Coronel Marcos Rocha (PSL-RO) e Wilson Lima (PSC-AM). O movimento vai na contramão do que pretende o PSDB, de olho nas eleições de 2022.
Os tucanos João Dória (SP) e Eduardo Leite (RS) assinaram a carta. Os dois são os mais cotados pela sigla a rivalizar com Bolsonaro nas urnas no ano que vem. Dória, inclusive, costuma ser mais incisivo nas críticas ao presidente e protagonizou com ele uma corrida pela vacinação contra a covid-19.
Além disso, o aceno clientelista de Reinaldo a Bolsonaro deve diminuir ainda mais o tamanho do governador de Mato Grosso do Sul perante os gestores estaduais. No ano passado, o tucano chegou a ser o porta-voz do grupo em reunião com o presidente sobre o socorro aos estados – então travado – diante da crise da pandemia de covid-19.
Denúncia por corrupção fragilizou imagem de Reinaldo
A imagem de Reinaldo Azambuja já vem fragilizada devido à denúncia do MPF (Ministério Público Federal), que o implica nos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa por suposto esquema de propina. A ação que tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça) pode levar ao afastamento do governador.
O tucano é apontado como chefe de uma organização criminosa e teria recebido R$ 67,7 milhões em propina do grupo JBS, entre 2014 e 2016, por meio de doações de campanha e emissão de notas fiscais falsas de venda de carne e gado – os “bois de papel”. Em troca, a JBS foi beneficiada com incentivos fiscais que desfalcaram os cofres do governo do Estado em R$ 209,7 milhões.
A investigação foi desencadeada pelas delações de executivos da JBS, principalmente dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A denúncia pede a decretação da perda de cargo público dos envolvidos e a restituição dos valores.