Após virar alvo de inquérito sobre fake news, Bolsonaro ameaça atuar fora ‘das 4 linhas da Constituição’
BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro reagiu à decisão de Alexandre de Moraes de incluí-lo na investigação do inquérito das fake news e acusou o ministro do STF de atuar fora das “quatro linhas da Constituição”. A determinação ocorreu após o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, ter enviado à Corte uma notícia-crime relatando as declarações feitas por Bolsonaro em uma transmissão ao vivo, na semana passada.
— O ministro Alexandre de Moraes abriu um inquérito de mentira, me acusando de mentiroso. É uma acusação gravíssima. Ainda mais num inquérito sem qualquer embasamento jurídico. Não pode começar por ele.. Ele abre, apura e pune? Sem comentários. Isso está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está. Então o antídoto não está dentro das quatro linhas da Constituição. Ninguém é mais macho que ninguém — afirmou Bolsonaro, em entrevista à rádio Jovem Pan.
O presidente não explicou o que seria jogar fora das “quatro linhas” e repetiu algumas vezes esse argumento durante a entrevista, de mais de duas horas. Segundo ele, a investigação é precipitada.
— Estão se precipitando. Um presidente da República pode ser investigado? Pode. Num inquérito que comece no Ministério Público e não diretamente de alguém interessado. Esse alguém vai abrir o inquérito, como abriu? Vai começar a catar provas e essa mesma pessoa vai julgar? Olha, eu jogo dentro das quatro linhas da Constituição. E jogo, se preciso for, com as armas do outro lado. Nós queremos paz, queremos tranquilidade. O que estamos fazendo aqui é fazer com que tenhamos eleições tranquilas ano que vem — afirmou.
Bolsonaro voltou a atacar Barroso e defendeu a abertura de uma CPI da urna eletrônica. O TSE atesta que há cerca de 30 camadas de segurança protegendo a integridade do processo eleitoral, de mecanismos digitais a lacres físicos (no software que será usado e na própria urna, por exemplo). Um teste público de segurança é realizado a cada eleição, momento em que especialistas em tecnologia da informação tentam invadir os sistemas, e eventuais vulnerabilidades são corrigidas. Qualquer tentativa de executar um software ou aplicativo externo ao funcionamento da urna bloqueia todo o sistema. No dia da eleição, há um teste de integridade, em que urnas são sorteadas aleatoriamente. Um processo de votação é simulado — e todo gravado em vídeo —, e os voluntários registram os votos na urna e em cédulas de papel. Os resultados são comparados em seguida. Também não há conexão com a internet, e os dados de cada urna são enviados para o TSE em rede própria, criptografados.
G1