Golpistas utilizam ‘engenharia social’ para fazer com que vítimas repassem dados por conta própria
Nos 5 primeiros meses de 2023 quase 5 mil pessoas foram vítimas de golpes em Mato Grosso do Sul, entre eles o que envolve engenharia social, ou seja, os golpistas induzem a vítima a repassar dados e até fazer transferência de forma consentida, sem ser ‘forçado’. Nesses casos, a vítima é envolvida psicologicamente com alguma situação.
Nesse ‘modelo’ de golpe, há vários tipos diferentes. A principal dica da polícia é desconfiar de absolutamente tudo e sempre pesquisar, ligar ou até ir pessoalmente conferir a informação.
A estratégia desse tipo de golpe é manipular e enganar as pessoas para que elas forneçam informações confidenciais e frequentemente é usada nas redes sociais.
Os golpistas usam emoções como medo, curiosidade e urgência para ‘obrigar’ os destinatários a abrir anexos ou clicar em links de páginas falsas e assim roubar informações, como dados confidenciais e números de cartões de crédito, por exemplo.
Para abordar as vítimas, os criminosos utilizam “informações” como bloqueio de conta bancária, cancelamento de habilitação, nome ir para o SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), cancelamento de linha telefônica, proteção contra golpes (golpe oferecendo proteção contra golpe).
Conforme informou o delegado de Polícia Civil Leandro Lacerda, que também investiga esse tipo de crime, hoje em dia os alvos dos golpistas não são apenas idosos e todo tipo de pessoa tem sido vítima. “É infinito a quantidade de golpes. Esse golpe do amor e o do nudes são bem comuns”, afirmou.
Recentemente houve um caso de repercussão nacional onde bandidos utilizaram a foto de uma bebê com uma doença rara internada na UTI. A família teve um perfil fake criado em uma rede social e golpistas passaram a pedir doações para uma chave Pix desconhecida dos pais da criança. O perfil contava com milhares de seguidores e pelo menos 100 comentários confirmando doações.
No final do ano passado, o Jornal Midiamax noticiou que golpistas estavam se passando por advogados e fazendo com que as vítimas transferissem certos valores para receberem ‘valor ganho de processo’.
Um advogado chegou a registrar ocorrência após ser informado por uma das vítimas sobre o golpe. Na época, ele informou que três pessoas foram vítimas de golpistas utilizando seu nome e uma transferiu R$ 4,5 mil.
Nesse caso, os bandidos utilizam foto no perfil do WhatsApp, de um dos sócios do escritório, endereço e foto do local. Com acesso a dados das vítimas, o golpista entra em contato afirmando que havia liberação de crédito proveniente de processo judicial, qual a vítima realmente tem.
Mas para que receba o valor, indicando um valor alto, é necessário o pagamento de ‘alvará’. Segundo o advogado, os termos utilizados na conversa pelo golpista são erros grotescos e que qualquer outro advogado reconheceria, mas talvez uma pessoa leiga não.
O golpe foi percebido após o estelionatário entrar em contato com outra vítima. A mulher tentou retornar para o telefone, mas dava desligado. Então, decidiu ligar no escritório, onde foi constatado o crime.
Ainda conforme o advogado, quando registrava ocorrência na delegacia, foi informado que há casos semelhantes com outros colegas de profissão.
A OAB/MS chegou a emitir nota sobre a situação, para alertar a população e explicar como o criminoso age.
Tipos de crimes
O delegado Leandro Lacerda, ainda listou alguns tipos de golpes no mesmo modus operandi, em que a vítima é induzida a repassar dados, muito comuns registrados nas delegacias, entre eles:
Golpe do amor: O estelionatário cria um perfil falso, geralmente se passando por uma pessoa atraente e começa a se comunicar com a vítima, muitas vezes expressando sentimentos amorosos rapidamente. Após conquistar a confiança da vítima, o estelionatário pede dinheiro, alegando algum tipo de emergência.
Para evitar ser vítima desse golpe é necessário que desconfie de pessoas, principalmente que você conheceu online e que rapidamente expressam sentimentos intensos. Nunca envie dinheiro para alguém que você não conheceu pessoalmente.
Golpe da loteria ou prêmio: Ainda pega os mais descuidados, tendo como alvo especialmente idosos. Nesse golpe, o criminoso se aproxima da vítima geralmente em lugares públicos, como ruas e praças, e finge ter um bilhete de loteria premiado que não pode resgatar por algum motivo (por exemplo, não tem documentos, está ilegal no país, etc.). O golpista então propõe à vítima que compre o bilhete por um valor muito menor do que o suposto prêmio. Em alguns casos, um segundo golpista pode intervir, fingindo ser um estranho, para “autenticar” o bilhete e dar mais credibilidade à história. Depois de receber o dinheiro, os golpistas desaparecem e a vítima descobre que o bilhete é falso ou não premiado.
No começo do ano, por exemplo, uma mulher de 55 anos perdeu R$ 7,7 mil nesse golpe. Os golpistas a fizeram acreditar em um bilhete supostamente premiado no valor de R$ 10 milhões.
Segundo a polícia, nesse caso a dica é desconfiar dessas “oportunidades de ouro”. A orientação é nunca comprar bilhetes de loteria de fontes não oficiais. Os bilhetes de loteria só devem ser comprados em locais autorizados, como casas lotéricas, e nunca de indivíduos na rua e nunca entregue dinheiro a estranhos. Se alguém que você não conhece lhe pedir dinheiro na rua, mesmo que pareça uma situação de emergência, é melhor se afastar e alertar as autoridades.
Golpe de phishing: O estelionatário envia uma mensagem que parece ser de uma organização legítima, como um banco ou rede social, solicitando que a vítima confirme suas informações pessoais ou financeiras. O correto é nunca fornecer informações pessoais ou financeiras através de um link enviado em uma mensagem. Sempre acesse o site oficial diretamente.
Golpe do emprego falso: Neste golpe, o estelionatário cria anúncios de emprego atraentes para cargos inexistentes. Eles pedem suas informações pessoais, como seu CPF, para “processar sua aplicação” e podem até solicitar o pagamento de uma “taxa de inscrição” ou para “verificação de antecedentes”, porém empresas legítimas geralmente não solicitam dinheiro durante o processo de recrutamento.
Golpe do amigo em necessidade: O estelionatário se passa por um amigo ou membro da família da vítima, muitas vezes alegando estar em uma situação de emergência, como ser preso ou ter sofrido um acidente, e pedindo dinheiro, na maioria das vezes pelo aplicativo de mensagens. Nesse caso, o ideal é que seja verificada a identidade da pessoa, entrando em contato diretamente com ela por outros meios.
Golpe de venda de produtos: O estelionatário publica um produto para venda, geralmente a um preço atraente, e depois de receber o pagamento, não faz a entrega. Nesse caso, é importante a verificação da reputação do vendedor e usar um serviço de pagamento seguro que ofereça proteção ao comprador.
Golpe de investimento: Este golpe envolve o estelionatário apresentando uma “oportunidade de investimento” com um alto retorno garantido. Uma vez que você investe, no entanto, eles desaparecem com seu dinheiro. A pessoa deve pesquisar antes de investir e desconfiar de promessas de retorno rápido e alto. Consultar um consultor financeiro de confiança antes de fazer investimentos significativos.
Golpe da falsa ação judicial: Neste golpe, a vítima recebe uma ligação de alguém que se apresenta como advogado ou funcionário do tribunal. O golpista informa à vítima que ela ganhou uma ação judicial e tem direito a receber uma quantia significativa de dinheiro. Para ter acesso ao valor, entretanto, a vítima precisa pagar taxas ou custos judiciais. Uma vez que a vítima faz o pagamento, o golpista desaparece. Se você receber uma ligação de alguém que diz ser um advogado ou um funcionário do tribunal, peça o nome completo e o número de registro profissional da pessoa. Você pode confirmar essa informação entrando em contato com a ordem dos advogados ou o tribunal. Não dê informações pessoais ou financeiras pelo telefone.
Um advogado legítimo ou um funcionário do tribunal nunca pedirá que você pague taxas ou custos judiciais por telefone. Qualquer pedido desse tipo é quase certamente um golpe.
Golpe de extorsão de sequestro virtual: Nesse golpe, o estelionatário liga para você alegando ter sequestrado um membro da família e exige pagamento imediato. O correto é manter a calma e tentar confirmar a segurança do familiar. Depois de confirmar a segurança, reporte a chamada para as autoridades locais.
Golpe do link suspeito no WhatsApp: O golpista manda uma mensagem com um link suspeito que promete algum benefício, como dinheiro ou brindes. Ao clicar no link, a vítima é direcionada a um site que pode roubar informações ou infectar o dispositivo com malware. Não se deve clicar em links desconhecidos, mesmo que pareçam vir de um contato conhecido. Golpistas podem assumir o controle da conta de um amigo para enviar mensagens fraudulentas.
Golpe da “verificação em duas etapas” no Instagram: O golpista envia uma mensagem dizendo que sua conta será suspensa a menos que você confirme sua identidade. O link fornecido redireciona para uma página falsa do Instagram que rouba suas credenciais de login. Se você suspeita que a sua conta pode ser suspensa, visite o Instagram diretamente através do aplicativo ou do site oficial e siga as instruções de lá.
Golpe do falso voucher de desconto em restaurantes no Instagram com a finalidade de invadir a conta: Nesse golpe, os criminosos criam uma conta falsa no Instagram se passando por um restaurante ou uma cadeia de alimentação popular. Eles postam ofertas irresistíveis, como vouchers de desconto, e incentivam os seguidores a clicar em um link para obter a oferta. Contudo, esse link leva a um site de phishing, que replica a página de login do Instagram. Quando a vítima insere seus dados de login pensando que está no Instagram, os criminosos capturam essas informações e ganham acesso à conta da vítima.
E um dos mais comuns também o ‘Golpe dos Nudes (Sextorsão)’: Esse golpe geralmente começa em uma plataforma de redes sociais, onde o golpista estabelece uma relação com a vítima, muitas vezes se passando por uma pessoa atraente e interessada em uma relação íntima. Depois de ganhar a confiança da vítima, o golpista pede à vítima que envie fotos ou vídeos íntimos, os chamados “nudes”. Uma vez que o golpista obtém esse material, ele ameaça divulgar as imagens na internet ou enviá-las para a família, amigos ou colegas de trabalho da vítima, a menos que a vítima pague uma certa quantia de dinheiro. Em algumas variações deste golpe, um suposto delegado ou outro oficial de polícia entra em contato com a vítima, afirmando que a pessoa com quem eles compartilharam as imagens é menor de idade, e que eles devem pagar uma multa ou enfrentarão acusações criminais.
Cuidado ao compartilhar imagens íntimas: A melhor maneira de prevenir esse tipo de golpe é simplesmente não compartilhar imagens ou vídeos íntimos de si mesmo com ninguém, especialmente com pessoas que você conheceu recentemente online.
A polícia ainda orienta que se você estiver em um relacionamento online, que faça uma verificação de antecedentes e confirme a identidade da pessoa antes de compartilhar informações pessoais ou íntimas.
A extorsão é ilegal. Caso haja ameaça de divulgar imagens íntimas, a polícia deve ser acionada.
Alerta e cuidados
Orientação da polícia é ter cuidado com solicitações não reconhecidas. Se receber uma mensagem não solicitada pedindo informações pessoais ou financeiras, seja extremamente cauteloso. Verificar a identidade do remetente. Muitos golpes de estelionato envolvem alguém se passando por uma pessoa ou organização de confiança. Caso a pessoa receba uma mensagem ou solicitação suspeita, entre em contato diretamente com a pessoa ou organização para confirmar.
Nunca compartilhar informações pessoais ou financeiras por meio de redes sociais. Se alguém solicitar essas informações, não responda. Desconfiar de ofertas muito boas para serem verdade.
Use configurações de privacidade robustas. As redes sociais permitem o controle quem vê suas informações e como as pessoas podem entrar em contato com você. Use essas configurações para proteger suas informações.
Não clicar em links suspeitos. Os golpes de estelionato frequentemente envolvem o uso de links que instalam malware ou levam a sites de phishing. Se um link parece suspeito, não clique nele. Seja cauteloso com pedidos de dinheiro. Se alguém que você conhece apenas online pedir dinheiro, seja muito cauteloso.
Fonte: Midiamax