Marido de diretora é acusado de espiar meninas em banheiro e ter livre acesso à escola de Campo Grande

Mães, alunas e professoras denunciam uma situação que ocorre há meses em uma escola de Campo Grande. O marido da atual diretora tem livre acesso às dependências da escola e é acusado, por exemplo, de olhar crianças trocando de roupa dentro do banheiro.

A denúncia não é isolada e nem segredo na escola. Alunas, professoras e várias mães formam o coro contra a situação que gera preocupação e insegurança e chegou até a superintendência da Semed (Secretaria Municipal de Educação).

A escola não será identificada para não expor as crianças que passam pela situação. Segundo preconiza o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), é proibida a divulgação de dados sobre crianças ou adolescentes que estejam envolvidos em processos judiciais, administrativos ou policiais.

Unidas, as mães foram à direção da escola, à Semed, à polícia e também procuraram a reportagem. Sem conseguir respostas da direção da escola e da secretaria municipal, algumas recorreram ao jornal para jogar luz ao problema.

Trecho de ata de reunião na Semed (Foto: Reprodução)

Marido tem privilégios exclusivos

As mães reclamam principalmente do acesso que o marido da diretora tem ao local. Isso porque escolas municipais não permitem a permanência de pais de alunos nas dependências escolares durante o período de aulas. Pais são permitidos apenas para deixar ou buscar as crianças ou em dias de reuniões.

A regra é cumprida por pais e mães da escola, exceto pelo pai da filha da diretora. O homem, cuja filha estuda no local, tem livre acesso às dependências, inclusive participa de reuniões restritas, conforme as denúncias.

Há vários registros dele pela escola. Dos corredores à cozinha, ele anda pela escola com privilégios de funcionário, conforme as denúncias feitas com quem não concorda com a situação.

Professora demitida após denúncia de alunas

A escola oferece aos alunos aulas de balé, que acontecem duas vezes por semana, após o horário regular, ou seja, após às 17h. Para participar do balé, as alunas saem da aula regular e se trocam no banheiro.

As crianças que fazem balé tem entre 6 e 12 anos e fazem esse movimento de trocar de roupa sozinhas, ou seja, sem ajuda dos pais. Os responsáveis só são liberados para ir até o local buscar as crianças, ao fim da aula.

Desde meados de junho, meninas se dizem incomodadas com a presença do marido da diretora. As alunas reclamaram para a professora de balé sobre a situação, dizendo que o homem permanecia próximo ao banheiro e olhando para as meninas durante a troca de roupa.

A professora de balé para quem as crianças reclamavam foi demitida pela atual diretora em julho. Mas a reclamação chegou até as mães. Há relatos de intimidação contra alunas que reclamaram da situação e algumas mães se sentiram acuadas.

Mas outras se uniram e decidiram seguir adiante com a denúncia. Assim, chegaram a reportagem.

Ata comprova que Semed está ciente da situação

A Semed sabe sobre a situação desde a primeira quinzena de julho de 2024. No dia 12 daquele mês, aconteceu uma reunião entre algumas mães de alunos da escola em questão, com a superintendente da Sugenor, Clarice de Oliveira Cassol, e a chefe da divisão de acompanhamento e apoio escolar, Mônica Cristina Silvano.

Na reunião, mães questionam a gestão atual da escola, incluindo a presença do marido da diretora “participando efetivamente dos eventos, como se fosse funcionário”. Na ata, consta ainda que há crianças com receio da presença do homem na escola e as representantes da Semed afirmam que a situação será acompanhada.

Seis dias depois, a Semed convocou o grupo de mães para dizer que a diretora foi orientada sobre a permanência do marido dentro da escola e se prontificou a cumprir as regras.

Em nota sobre o caso, a Semed informa que conforme a denúncia, as mães foram atendidas pela SUGENOR (Superintendência de Gestão e Normas) da SEMED, onde foi realizado registro em ata, e feitas as orientações à diretora.

Em seguida, os referidos documentos foram encaminhados para a AJUR (Assistência Jurídica) desta Secretaria, para averiguação da veracidade dos fatos e aplicação de medidas administrativas cabíveis. 

“A SEMED não compactua com nenhum tipo de comportamento inadequado dentro das unidades escolares, tomando sempre precaução e fazendo todas as intervenções necessárias em cada situação”.

O que diz a diretora

Em contato por telefone com a diretora da escola, ela afirma que “não existe livre acesso” para o homem dento da escola e o que ocorreram foram situações pontuais em que ele estava na escola para tratar de assuntos relacionados a filha do casal que estuda na unidade.

Sobre a denúncia de que ele olhava meninas trocando de roupa, ela afirma que ocorreu uma vez, no começo do ano, dele precisar entrar no banheiro feminino para buscar a filha que “estava demorando muito”.

Sobre as outras denúncias, de livre acesso na escola, a diretora apresentou uma ata datada de 8 de outubro, em que o homem precisou ir à escola tratar sobre questões pessoais da filha, com a professora.

Midiamaxnews

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.