morte de guarda tratada como suicídio é investigada como queima de arquivo
Dois anos e três meses após a morte do guarda municipal Fred Brandão dos Reis, de 38 anos, em Campo Grande, o que antes foi apurado como suicídio passa a ser tratado como homicídio e, ainda mais, queima de arquivo. Fred também chegou a ser acusado de estuprar uma menina de 12 anos, fato não confirmado durante as investigações.
Até o momento sem autoria do homicídio, o caso reascende após mais de dois anos. Uma nova pessoa pode ser ouvida pela polícia, por possível envolvimento no caso. O estupro de vulnerável que foi relatado na época não foi confirmado, por insuficiência de provas. Laudo datado de julho de 2019 não identificou elementos para comprovarem o estupro.
Os laudos apontam que a menina não sofreu estupro, não constatando violência sexual. Também não foi encontrado material genético da suposta vítima em Fred. Fred Brandão foi encontrado morto no dia 20 de abril, com um tiro na boca. A denúncia que chegou à Polícia Civil na época aponta que ele teria estuprado a menina de 12 anos, sob ameaças com uma arma de fogo, um revólver calibre 38.
Depois do suposto estupro, conforme o registro feito em abril de 2019, o guarda teria dito que iria cometer o suicídio, momento em que a menina correu para avisar a mãe, primeira pessoa a encontrar Fred morto. Corpo de Bombeiros e Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) chegaram a ser acionados, mas Fred não resistiu.
Morte a esclarecer
Laudo necroscópico anexado aos autos do processo, datado de maio de 2019, não identificou a presença de pólvora ou chumbo nas mãos de Fred. O resíduo fica na mão da pessoa que atira, o que não restou comprovado neste caso. Ainda um depoimento de uma testemunha revelou que Fred saiu do plantão mais cedo naquele dia e deixou a farda, molhada, em uma sacola plástica. O banco do passageiro do carro dele também estava molhado, indicando que ele não estava dirigindo o veículo.
Os indicativos levam a crer que Fred possa ter sido até mesmo torturado e assassinado, em um crime que, na época, levou a polícia a acreditar em suicídio. Depoimento de uma testemunha já em outubro de 2019 revela que Fred teria sofrido ameaças por um guarda municipal, réu na Operação Omertà. Tal testemunha reafirmou a versão de que o crime poderia ser um homicídio.
Em relatório anexado aos autos, toda a versão do estupro seguido de suicídio é desconstruída. Em certo ponto, é relatado que a vítima do suposto estupro talvez nem estivesse na casa, no momento do ocorrido. Sem autoria, há suspeita de queima de arquivo. Fred foi morto onze dias após a morte de Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, executado em 9 de abril de 2019.
Na época, Fred estaria interessado no crime. Fotos da camionete que Matheus dirigia quando foi assassinado foram encontradas em um dos celulares apreendidos pela polícia na época. Onze dias depois, ele foi encontrado morto. Uma pessoa ligada aos fatos chegou a afirmar certeza da relação entre os crimes.
Além de guarda municipal, Fred fazia ‘bicos’, assim como outros guardas apontados na Omertà. Inclusive, teria aceitado empregos oferecidos por réus das operações. “Não podemos afirmar ou negar a ocorrência de suicídio e tão pouco de um homicídio”, conclui relatório policial.
Até o momento, o caso é tratado como uma morte a esclarecer. O estupro, no entanto, acabou não sendo confirmado. “A gente está na base de remédios. Eu quero que seja esclarecido, sabemos que não aconteceu estupro e também achamos que não teve suicídio”, disse a mãe de Fred, dona Terezinha.
“Sempre falei que eu ia conseguir provar que meu filho jamais seria capaz de fazer uma coisa dessas. Eu sou mãe, sei o filho que criei e sempre disse que só ia conseguir dormir bem no dia que eu esclarecesse isso”, finalizou.
Fonte: Midiamax