Mulher é julgada por induzir marido a se matar por envenenamento
Sônia Ribas Teixeira, de 61 anos, sentou-se no banco dos réus do Tribunal do Júri de Campo Grande, nesta terça-feira (19). Ela foi denunciada por induzir o marido, Jorge Mendes de Souza Filho – que era paraplégico – a cometer suicídio por envenenamento. O caso ocorreu em 2 de outubro de 2016, na residência onde ela morava com a vítima, na Vila Santo Amaro.
Consta na denúncia do Ministério Público que a filha de Jorge, Anne Cristine Teixeira de Souza e o amante de Sônia, Romeu Rolim, participaram do crime. Os dois também foram denunciados, no entanto só Sônia está sendo julgada hoje.
Sônia e Jorge conviveram juntos por 28 anos, sendo que comandavam um bar no bairro. Como o homem era paraplégico há 35 anos, Sônia já teria afirmado que estava cansada de cuidar dele, em comentários feitos no próprio bar do casal.
Dia do crime – A vítima já vinha sendo maltratada e mantida em cárcere. No dia do crime, Jorge ligou para um amigo e disse: “Elas querem me matar e não vão avisar ninguém, não deixe isso acontecer, não deixe isso acontecer”.
Nesse dia, Sônia saiu com Anna para votar e no retorno, induziram que Jorge tomasse o veneno de rato, o deixando trancado na casa e com o medicamento ao seu alcance. “Induzimento e instigação, deixou ele em isolamento, deixado do convívio social, em cárcere. Induziu a pessoa que é paraplégica a cometer um ato insano”, afirmou o promotor do Ministério Público José Arturo Iunes, durante o júri, complementando que “não é crível uma pessoa tomar veneno paralítica, numa cadeira de rodas, deitada na cama”.
Depois de trancar a vítima, elas seguiram para a casa de Romeu e só retornaram no fim do dia, quando encontraram a vítima inconsciente e acionaram o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). O homem morreu no dia 15 de outubro.
O promotor reafirmou, com base em depoimento de testemunhas, que Sônia já havia ameaçado de morte o homem. “Os depoimentos das testemunhas são impactantes”, ponderou ao mostrar o trecho da audiência em que o irmão de Jorge, Manoel Mendes de Souza, foi ouvido. O irmão garantiu que Jorge tinha uma arma de fogo e se quisesse tirar a própria vida, teria usado a arma.
Além disso, outro argumento da acusação que prova a intenção de que queriam a vítima morta é que no dia 18 de novembro, pouco mais de um mês depois da morte de Jorge, o amante de Sônia reabriu o bar que pertencia a vítima.
O julgamento de hoje, presidido pelo juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, começou às 8 horas e não há horário previsto para o término.
CAMPO GRANDE NEWS