República Argentina do São Paulo: música, culinária e troca cultural embalam time na Libertadores
Ali, diante da euforia pela enorme vitória sobre o Racing, a República Argentina do São Paulo se estabelecia de vez. No som, a música “Par-Tusa”, do cantor de cumbia villera El Dipy, servia de fundo para Martín Benítez comandar a festa pela classificação às quartas de final da Libertadores. Mais do que simplesmente futebol: cultura, culinária e hábitos do país vizinho se espalharam no dia a dia do CT da Barra Funda.
É sob influência dessa república que o São Paulo tentará dar mais um passo na Libertadores nesta terça-feira, quando enfrenta o Palmeiras, no Allianz Parque, às 21h30 (de Brasília), pelo jogo de volta das quartas de final. O Tricolor precisa vencer ou empatar por mais de dois gols para avançar.
Benítez surge como um dos expoentes da influência argentina na temporada 2021 do Tricolor. Ele e Emiliano Rigoni, protagonista do time após o título do Paulistão, se juntam à comissão técnica de Hernán Crespo para uma troca cultural que vai além da música argentina no vestiário depois da classificação marcante em Avellaneda.
De bom “portunhol”, fruto do período no Vasco, Benítez serve como elo dessa troca cultural e assume quase um papel de diplomata para aproximar as relações com os brasileiros. Recentemente, o meia presenteou alguns jogadores do elenco, como o atacante Pablo, com kits para consumo de mate, bebida tradicional na Argentina e no Uruguai.
Aliás, a turma vai além do meia. Rigoni e o preparador de goleiros Gustavo Nepote são outros que religiosamente estão no CT com a cuia, a garrafa térmica e a erva. Foi natural que as conversas regadas à bebida ganhassem também adeptos brasileiros, agora devidamente aparentados com o material ideal para compartilhar o momento de relaxamento típico do país vizinho.
Benítez e Rigoni compartilhando um mate durante treino no Rio de Janeiro — Foto: Fellipe Lucena/saopaulofc
– Nosso elenco tem quase a América do Sul inteira no meio da Barra Funda, né!? Os argentinos são a maioria disparado, mas temos equatoriano, paraguaio, colombiano. Isso se não esqueci de ninguém. Está todo mundo integrado na mesma sintonia, seja o Arboleda que está no Brasil há mais tempo, como os que chegaram esse ano – acrescentou.
Do lado de lá também
– Na comissão técnica é a mesma coisa, estamos integrados com todos. Você vê que o Crespo com toda sua história monstruosa no futebol, mas já querendo aprender português, passar suas ideias – comentou Luan.
– Foi tudo muito rápido, o elenco já entendeu o que ele queria, como ele gosta de jogar, sem qualquer problema de diferença cultural por ser de outro país – declarou o camisa 13 e autor do primeiro gol da vitória na final do Paulistão, que rendeu o primeiro título da “República Argentina do São Paulo”.
A troca cultural também vem também da direção contrária. Desde o princípio da chegada ao Brasil, Hernán Crespo tem a iniciativa de aprender português para se comunicar da melhor maneira possível com os jogadores. Nas entrevistas, o treinador busca colocar em prática os estudos dos últimos meses.
A postura “ganhou” o grupo. Crespo e Gustavo Nepote, preparador de goleiros, usam as redes sociais para afiarem o idioma. A evolução é elogiada pelos jogadores, inclusive publicamente.
G1