De volta ao Brasil, David Luiz encara desafios de “projeto sólido” no Flamengo: “Me faz ter oxigênio”
“Se a voz do povo é a voz de Deus, a nação me chamou e eu estou aqui”. Em vídeo de apresentação, David Luiz deixou a torcida do Flamengo apaixonada pela declaração. Uma espécie de amor à primeira vista. Paixão que começou platônica, mas que foi determinante para tomada de decisão mais difícil: retornar ao Brasil após 14 anos de Europa.
David Luiz deu a primeira entrevista coletiva como jogador do Flamengo nesta segunda-feira, no Ninho do Urubu. Após os primeiros exames, já começa a pensar na estreia com a camisa rubro-negra. Momento do reencontro com o torcedor brasileiro que tanto observou à distância.
“É mais um grande desafio da minha vida. Entendi durante a minha caminhada que é o que eu sempre gostei, o que me fez ter oxigênio de ir em busca. São os grandes desafios, as coisas difíceis”
– Tive alguns diferentes cenários, onde poderia escolher uma vida mais tranquila, mais de paz, mas gosto de fazer o que sinto no coração. Voltei para o que Deus tem na minha vida como propósito e o que tenho no meu coração.
David Luiz deixou o Brasil em 2007, após somente duas temporadas como profissional do Vitória. Desde então, as vindas ao Brasil sempre foram cercadas por sentimentos à flor da pele. Em 2013, a consagração como campeão da Copa das Confederações no Maracanã. Em 2014, o trauma do 7 a 1 no Mineirão.
A última vez que David Luiz entrou em campo no país aconteceu em 26 de março de 2016, quando foi titular da seleção brasileira no 2 a 2 com o Uruguai, na Arena Pernambuco. Chegou a hora de matar a saudade.
“É uma das melhores páginas que vou viver na minha carreira”
David Luiz assinou contrato com o Flamengo até o fim de 2022, com clausula de liberação caso não se adapte ao futebol brasileiro e deseje voltar para a Europa. Se depender do carinho, no entanto, o zagueiro já está em casa e nos braços da torcida rubro-negra.
Confira outros trechos da entrevista
Primeiras palavras
– É com imenso prazer e tocando meu coração que falo que sou jogador do Flamengo. Primeiro, quero agradecer ao presidente, ao Marcos, ao Bruno, e a todas as pessoas que fizeram parte para eu viver esse sonho. Não chegamos a lugar nenhum sozinho, não decidimos nada sozinho, e o mais importante são as pessoas. Não conseguimos ser felizes sozinhos. Foram muitas as pessoas que me influenciaram, me guiaram e mostraram o quão grande seria esse desafio. O Marcos tentou detalhar o tempo que demorou para decidirmos. São decisões difíceis no sentido de vida, mas bem pensadas. E quando você é honesto e pensa da maneira correta, divide isso, você tem uma decisão tranquila, em paz e totalmente feliz. Sei dos meus desafios, sei o grande que é o projeto e o Flamengo. O Flamengo sempre foi grande e sempre será grande, mas hoje consegue dar coisas grandes por causa do projeto sólido.
David Luiz exibe camisa do Flamengo juntamente com dirigentes — Foto: Marcelo Cortes / CRF
Início das negociações
– Foram inúmeros momentos na minha caminhada no futebol em que tive a felicidade de conhecer pessoas no Flamengo que já desempenhavam um grande trabalho. Quando a gente começou a falar realmente disso, foi um dia especial que vocês não vão saber quando foi.
Projeto de hegemonia
– É isso que me move, me motiva e me faz continuar jogando futebol. Isso que me faz ter a mesma energia. Fui embora garoto, mas volto garoto também, com energia e paixão. Futebol é minha vida.
Adaptação
– A adaptação vai ser fácil. Conheço inúmeros jogadores do elenco e dá para ver o que exala nesta equipe. Exala alegria, compaixão, harmonia. É muito fácil entrar em uma atmosfera realizada no contexto positivo.
Seleção
– Minha cabeça está totalmente voltada para o Flamengo. Minha decisão de vir para cá foi para encarar todos os desafios e ambições. Em um jogador de futebol, se não existir a ambição de defender seu país, ele está na profissão errada. Tenho, sim, a ambição. O futuro a Deus pertence.
David Luiz, Gabigol e Marcos Braz no CT do Flamengo — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
– Futebol é uma caixinha de surpresa, é o clichê da frase, mas já conheço um pouquinho. Vou encontrar desafios diários de curto e longo prazo, mas vou saber lidar com tudo isso. Eu quero isso para minha vida, quero estar aqui, quero estar no campo correndo e me dedicando para me colocar na melhor condição física possível. Fazer aquilo que eu mais amo, que é jogar futebol.
Decisão de retorno ao Brasil
– Adaptação minha, da família, laços de amizade, pessoas do dia a dia. Isso que nos move. Muitas das vezes, não temos a consciência de que é importante lembrar que são as pessoas que nos trazem felicidade, que do outro lado tem a parte humana que faz parte. Para mim, isso é muito importante. O que mais eu vou sentir falta e o que me fez pensar, são as pessoas que conheci. Mas tenho também a oportunidade de conhecer novas pessoas e viver novos momentos que vão me trazer felicidade.
Diferença da Europa para o Brasil
– O dia a dia vai me mostrar isso. Tenho que me capacitar para todo tipo de dificuldade.
G1